Um dos grandes medos dos tutores de cães, e principalmente gatos, é o envenenamento. Mas você sabe o que pode ser feito, caso ele coma veneno? Como evitar que acidentes assim aconteçam?

Em 2007, perdi minha primeira gatinha, Mel, por conta de veneno. Deixava ela solta, para poder brincar pelos telhados vizinhos. A pior coisa que fiz. Se tivesse deixado a Mel dentro de casa, talvez ela estivesse comigo até hoje. Mas você acha que eu aprendi a lição? Na-na-ni-na-não.

Foto: Vanessa Zimbres

Foto: Vanessa Zimbres

No sábado, dia 02/07, cheguei em casa e minha mãe me avisou: “Luiza, o Félix (meu gato preto) chegou babando muito em casa”. Corri para procura-lo. Ele estava deitado na caminha dele, prostrado, com respiração alterada, pupila dilatava, babando, mal conseguia ficar em pé e, o pior de tudo, negou seu petisco favorito.

Na hora, já levei para a veterinária. Diagnóstico: envenenamento/intoxicação. Rapidamente a médica veterinária Vanessa Zimbres aplicou medicação e colocou na internação para dar continuidade ao tratamento ao longo da noite. “Em casos como esse, devemos agir rapidamente e deixar o animal em observação” alerta dra Vanessa. Ela mesma passou a noite na clínica, para averiguar que o caso não se agravasse.

Foto: Luiza Cervenka

Foto: Luiza Cervenka

Passados dois dias, o Félix voltou para casa. A recomendação: “Não permita que ele saia da sua casa. Está cada vez mais comum casos de envenenamento no seu condomínio” explicou dra Vanessa. Não foi o primeiro animal que ela atendeu nessas condições. Agora meus gatos ficarão sem poder brincar no quintal, para segurança deles.

Se você pensa que esse tipo de situação só acontece devido a uma pessoa má intencionada que coloca veneno, está muito enganado. Muitas vezes, o perigo pode estar mais perto que você imagina. Foi o que aconteceu com a Stella.

Foto: Arquivo da família

Foto: Arquivo da família

Stella é uma filhotinha de pastor de Shetland (minicollie) de 4 meses, muito brincalhona e curiosa. Enquanto ninguém olhava, Stella encontrou uma pastilha raticida. O veneno havia sobrado da última dedetização feita na casa. A tutora não havia percebido que sobrara essa pastilha. Bastou uma mordidinha para tutora e Stella pararem na emergência veterinária. Na clínica, Stella teve assistência especializada para desintoxicá-la.

A história só teve final feliz, pois o socorro foi muito rápido. Quem alertou sobre o ocorrido, foi a filha de seis anos, que viu Stella com algo estranho na boca e avisou a mãe. Nesses momentos, a rapidez e a atitude de levar ao veterinário são decisivas entre a vida e a morte.

A dra Karina conta que, no caso de Stella, por estar em boas condições de saúde, ela respondeu bem ao atendimento e se recuperou muito rapidamente. A filhotinha, em dois dias, já estava em casa, brincando e correndo. “Os efeitos da intoxicação vai variar de acordo com a característica de cada pet. Se ele for idoso ou tiver algum problema de saúde, os danos podem ser maiores, dependendo também da quantidade de ingestão do veneno”, explica a veterinária.

Anniina Rutanen/Creative Commons

Anniina Rutanen/Creative Commons

Outro motivo de preocupação após o contato com veneno, segundo a dr. Karina, é a reação tardia da intoxicação, um tipo de recaída, que após três dias pode causar tremores, o bichinho não consegue comer, agravando seu estado de saúde e deixando sequelas. Nesses casos, o ideal é manter o pet internado por três dias e uma semana de atenção redobrada.

Os casos de envenenamento já chegam a 60% dos atendimentos nos prontos-socorros veterinários.

Como evitar intoxicação e envenenamento

Akos Kokai/Creative Commons

Akos Kokai/Creative Commons

1 Deixe produtos de limpeza e venenos em locais que o pet não alcance. “O ideal é evitar qualquer tipo de veneno guardado em casa, mesmo que esteja em local protegido, porque alguém pode se descuidar e deixar o produto acessível aos pets”, orienta a veterinária Karina Mussolino, gerente técnica de clínicas da Petz.

2 Evite fazer dedetização. Se fizer, busque produtos menos agressivos. “Ao fazer a dedetização, tem que retirar o bichinho de casa e só retornar quando houver 100% de certeza de que não há veneno no local” lembra dra Karina.

3 Não permita que cães lambam calçadas e jardins durante o passeio. Você nunca sabe que tipo de produto pode ter por ali.

4 Evite que seu gato saia na rua. Gatos são caçadores e, mesmo com boa alimentação em casa, podem ser atraídos por um pedaço de carne com veneno.

5 Cuidado com as plantas, em casa e no passeio. Muitas podem ser tóxicas para cães e gatos e levar ao pronto-socorro, com sintomas semelhantes ao de envenenamento.

Sintomas de intoxicação/envenenamento

1 Baba. Cães e gatos quando enjoados, podem babar mais do que o normal.

2 Vomito e diarreia. Assim como nos humanos, quando os animais comem algo que não fez bem, eles tendem a vomitar. Se isso não for suficiente, pode haver diarreia com ou sem sangue.

3 Inapetência. Animais enjoados evitam se alimentar. Se oferecer o petisco que ele mais gosta e ele recusar, algo está muito errado.

4 Apatia. Quando os peludos se sentem mal, eles ficam deitados em um canto, sem querer brincar e até com dificuldade de locomoção.

5 Respiração alterada. Normalmente, em quadros de intoxicação ou envenenamento, o coração bate mais rápido e a respiração fica muito ofegante. Mas isso não é regra.

O que fazer se meu cão/gato for envenenado?

Taro the Shiba Inu/Creative Commons

Taro the Shiba Inu/Creative Commons

Se seu cão apresentar qualquer um dos sintomas a cima, a melhor coisa a se fazer é levar imediatamente ao veterinário. Quanto mais rápido levar, maiores as chances do peludo sobreviver.

Nada de inventar receitas caseiras. Leite, água oxigenada, maçã e afins não irão resolver o quadro. Na clínica ou hospital veterinário, é feita a lavagem gástrica com uso de carvão ativado, que ajuda na eliminação do veneno no trato digestivo, de soro, diurético, para a eliminação pela urina, além do acompanhamento da frequência cardíaca, respiratória, temperatura e demais parâmetros. Só quem pode salvar seu pequeno é o médico veterinário.

 

 

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